Dia 28 de junho de 2010
OLÁ, MEU NOME É KELLY, MAS PODE ME CHAMAR DE KEL OU KELLY MESMO. EU TENHO 16 ANOS, EM BREVE FAREI 17, PARA SER MAIS EXATO, FAREI MÊS QUE VEM.
SOU O TIPO DE MENINA NORMAL, SIMPÁTICA, BOA APARÊNCIA, COMUNICATIVA. ME DOU BEM COM TODOS A MINHA VOLTA.
POR FORA EU SOU IGUAL A QUALQUER UM, A MENINA QUE APARENTEMENTE TODO MUNDO GOSTARIA DE CONVERSAR, MAS EU NÃO SOU PERFEITA, QUERO DIZER, NINGUÉM CONHECE NADA SOBRE MIM.
HÁ UM TEMPO ATRÁS MEU PAI ME LEVOU AO MÉDICO, (E PORQUE NÃO SERIA A MINHA MÃE A LEVAR-ME? MINHA MÃE MORREU AO ME DAR A LUZ. PELO MENOS FOI O QUE MEU PAI CONTOU, EU ACREDITO NELE, AFINAL NÃO MENTIRIA PARA MIM) JUNTANDO EU MAIS ELE E MINHAS DUAS OUTRAS IRMÃS MAIS VELHAS QUE EU, COMPLETAMOS UMA FAMÍLIA DE 4 PESSOAS E UM CACHORRO. SIM EU AMO MEU CACHORRO, O TODDY.
BEM MAS NÃO VAMOS MUDAR O RUMO DA HISTÓRIA, RSRS.
MEU PAI ME LEVOU AO MÉDICO PORQUE ESTOU SENTINDO FORTES DORES NO CORPO E NAS PERNAS, ESTOU FICANDO COM DIFICULDADE DE LEVANTAR-ME DE MANHÃ PARA IR A ESCOLA, NÃO CONSIGO MAIS COMER DIREITO E SINTO FORTES DORES DE CABEÇA.
SERIA UMA VISITA AO MÉDICO NORMAL, COMO TODAS AS OUTRAS SENÃO FOSSE PELO FATO DE QUE O MÉDICO AO FINAL DE TODAS AS CONSULTAS QUISESSE FALAR APENAS COM MEU PAI.
SABE AQUELA SENSAÇÃO QUE VOCÊ TEM DE ALGO ESTAR ERRADO?! BEM, ALGO ESTAVA REALMENTE ERRADO E ERA COM MEU CORPO OU MELHOR COM A MINHA CABEÇA.
NO CAMINHO PARA CASA, CAMINHAMOS CALADOS, EU E MEU PAI, UM AO LADO DO OUTRO. EU PUDE PERCEBER QUE ALGO ESTAVA ERRADO, ENQUANTO CAMINHAVAMOS, PUDE NOTAR QUE MEU PAI RESPIRAVA COM DIFICULDADE E MANTIA SEUS OLHOS DISTANTES. NAQUELE DIA SÓ CONSEGUIA OUVIR OS PASSOS DE MEU PAI, SUA RESPIRAÇÃO, AS FOLHAS QUE CAIAM DAS VÁRIAS ÁRVORES AO MEU REDOR, O SOM DO VENTO EM MEU OUVIDO E AQUELA CHUVA FINA, MAS GELADA O SUFICIENTE AO PONTO DE ME FAZER TREMER.
QUANDO CHEGAMOS EM CASA ELE CONTINUAVA QUIETO COM A CABEÇA BAIXA. NA HORA QUE FUI ENTRAR PARA O MEU QUARTO ELE DISSE EM UM TOM BEM BAIXO QUASE NÃO DANDO PARA OUVIR:
- KELLY?! ( ELE SÓ ME CHAMA ASSIM QUANDO ALGO É REALMENTE IMPORTANTE).
- SIM PAPAI.
- OS RESULTADOS DOS EXAMES SAÍRAM, O MÉDICO DISSE QUE VOCÊ TERÁ QUE TOMAR ALGUNS MEDICAMENTOS.
EU PENSEI UM POUCO E PERGUNTEI:
- PAI? QUE TIPO DE MEDICAMENTOS?!
ELE FICOU CALADO E COM O MESMO OLHAR DISTANTE DE ANTES. EU PERGUNTEI NOVAMENTE:
- PAPAI?! O QUE EU TENHO E QUE MEDICAMENTOS SÃO ESSES? CONTE-ME POR FAVOR, EU JÁ ESTOU QUASE COM 17 ANOS, ENTÃO ME CONTE.
PAPAI ME PEDIU PARA SE SENTAR NO SOFÁ, EU ME LEMBRO MUITO BEM DAQUELAS PALAVRAS.
ASSIM QUE SENTEI ELE SE SENTA AO MEU LADO E DIZ:
- KELLY, O MÉDICO?! BEM, O QUE ELE DISSE FOI QUE VOCÊ TEM UMA BOLA NA CABEÇA( QUE MANEIRA ENGRAÇADA DE CHAMAR UMA DOENÇA) ELE DISSE QUE ESSA BOLA ESTÁ FICANDO CADA VEZ MAIOR A CADA DIA, O MÉDICO DISSE QUE SE VOCÊ TOMAR ESSES REMÉDIOS CORRETAMENTE, ELA PODE PARAR DE SE DESENVOLVER. ENTÃO POR FAVOR KELLY, TOME-OS PELO SEU PAI.
FIQUE PENSANDO NISSO. PAPAI DISSE UMA BOLA, MAS NÃO DISSE O QUE, NEM O QUE ERA. EU TINHA QUE SABER,EU PRECISAVA SABER.
SEGUREI NA MÃO DO MEU PAI E GENTILMENTE PERGUNTEI:
-PAPAI, QUAL O NOME DA MINHA DOENÇA, ME DIZ POR FAVOR. JÁ ESTAVA COM LÁGRIMAS NOS OLHOS, EU TERIA QUE SUPORTAR O QUE VIRIA PELA FRENTE, AFINAL, JÁ ESTAVA AMADURECENDO.
ELE FINALMENTE TIROU OS OLHOS DE SEUS PÉS E OLHOU PARA MIM. PAPAI TAMBÉM ESTAVA TENTANDO CONTER AS LÁGRIMAS, ELE VIROU PARA OLHAR MEU ROSTO E DISSE:
- KELLY, VOCÊ TEM UM TUMOR, ELE ESTÁ SE DESENVOLVENDO COM RAPIDEZ, O MÉDICO DISSE QUE SE VOCÊ NÃO TOMAR OS MEDICAMENTOS, ELE IRÁ SE TRANSFORMAR EM UM CÂNCER. PAPAI NÃO QUERIA OUVIR ISSO, MAS... O MÉDICO DISSE QUE VOCÊ PODE NÃO VIVER MUITO, BEM, VOCÊ VIVERÁ SOMENTE ATÉ OS SEUS 18 ANOS. SUA CABEÇA, SEU CORPO, TODA A SUA VIDA IRÁ SE PREJUDICAR LENTAMENTE, ATÉ QUE TUDO IRÁ PARAR DE FUNCIONAR. FILHA, VOCÊ PRECISA SER FORTE.
QUANDO OUVI ISSO, NÃO SEI SE CHORAVA OU RIA, PENSANDO QUE ERA APENAS UMA BRINCADEIRA, E DE PÉSSIMO GOSTO AINDA POR CIMA. MAS EU SEI, PAPAI NÃO BRINCA COM COISAS SÉRIAS. NÃO O MEU PAI ERA DIFERENTE.
EU APENAS APERTEI SUA MÃO E DISSE:
- TUDO BEM PAPAI, EU FAREI O MEU MELHOR. JÁ ESTOU CRESCIDINHA, NÃO SE PREOCUPE COMIGO, EU TOMAREI OS DEVIDOS MEDICAMENTOS E CONSEGUIREI MELHORAR.
PAPAI SORRIU PARA MIM, AQUELE SORRISO DEMONSTRAVA QUE ELE ESTAVA CONFIANTE NAS MINHAS PALAVRAS.
JÁ EU, BEM ME LEVANTEI DO SOFÁ DEPOIS DE TODA ESSA CONVERSA E FUI PARA O QUARTO. PENSEI BASTANTE, PENSEI NA MINHA VIDA E O QUE FARIA A RESPEITO DELA, AFINAL EU TENHO APENAS 2 ANOS DE VIDA. NESSES 2 ANOS TEREI, NÃO MELHOR, EU TENHO QUE DAR O MELHOR DE MIM. PAPAI ACREDITA QUE EU SAIREI DESSA, E EU TAMBÉM ACREDITO...
QUANDO DISSE ISSO, LÁGRIMAS BROTARAM DE MEUS OLHOS, TENTEI CONTE-LAS MAS FOI EM VÃO, EU QUIS GRITAR SABE, QUERIA DIZER, ISSO É MENTIRA, É MENTIRA, EU NÃO POSSO MORRER, EU NÃO QUERO MORRER, NÃO QUERO....
MAS EU TINHA QUE ACREDITAR, TUDO DARIA CERTO, TUDO.
AMANHÃ EU VOLTO PRA ESCOLA... SERÁ QUE DEVO CONTAR AOS MEUS AMIGOS?! COMO ELES IRÃO ME TRATAR? SERÁ QUE SEREI REJEITADA? E OS OLHARES?! COMO SERÃO OS OLHOS? DE PENA? DE NOJO?
VÁRIAS PERGUNTAS PASSARAM PELA MINHA CABEÇA, PASSEI O DIA TODO NO QUARTO ABRAÇADA AO TODDY. PAPAI VEIO ME CHAMAR PARA O JANTAR, EU MENTI DIZENDO QUE ESTAVA ESTUDANDO MUITO E QUE ESTAVA SEM FOME. NÃO QUERIA SAIR DO QUARTO, NÃO AGORA, EU PRECISAVA PENSAR. PRECISAVA DECIDIR O QUE EU FARIA EM MEUS ÚNICOS DOIS ANOS DE VIDA QUE ME RESTAVAM......
CONTÍNUA,
